Não existe (não existe) qualquer proibição do uso de primeira pessoa em dissertação.
Eu já tinha dito isso antes. Os vestibulandos estão confusos (concurseiros também, mas por sorte com menos frequência), e geralmente acreditam nessa lei, que ninguém nunca viu em livro nenhum!
O Enem exige uma redação impessoal, o que é um tanto vago porque numa redação argumentativa não dá para ser 100% impessoal, como eu já disse. Na minha interpretação, eles não aceitariam que você falasse de sua vida pessoal, de experiências suas, seria isso.
Não tem a ver com formalidade, porque você já leu e vai ler na vida muitos textos que são formais e usam “eu” sem problemas. Usar “eu” ou primeira pessoa não torna a redação informal! Quem usa “eu” está assumindo o que diz.
Sobretudo, fique à vontade para usar “nós”, inclusive no Enem. É uma exigência dessa prova, especificamente, a impessoalidade, e é direito deles fazerem restrições; isso não é regra de dissertação. Não existe proibição de uso de “eu” em dissertações. A do Enem continua sendo uma dissertação, mas até certo ponto mais distante, mais fria (se é que é possível dar a opinião e ser distante ao mesmo tempo…).
No entanto… lá estão professores de redação insistindo nesse absurdo em vídeo-aulas, em blogs, em sites, em salas de aula, em cursinhos…
Cito aqui meu colega de área, professor Gustavo Bernardo, Doutor da UERJ e pesquisador do CNPq. Ele também acha curiosa essa restrição que a escola faz do uso de primeira pessoa, veja:
“A restrição da escola se torna mais grave quando (…) alerta-se o aluno de que ele não deve emitir opiniões pessoais. Como não fazê-lo, se o gênero de escrita predominante na escola é o dissertativo e a dissertação se define como a defesa de uma opinião? O que o aluno e toda a gente têm de aprender é a defender bem suas próprias opiniões. Inibir o uso da 1ª pessoa antes atrapalha do que ajuda a atender a este objetivo.”
Ele diz mais ainda, caso você queira ler… dê uma olhada neste print do da UERJ (ou leia o texto no original):
Parece-me até que na área científica já estão achando que não se pode usar primeira pessoa! Vejam o que diz este pesquisador!
Falando sobre o “nós” especificamente, eu sou um exemplo vivo – sempre usei “nós” em redações de vestibular e passei várias vezes assim.
“Ah, mas e se eu não quiser usar, prof?!”
Tudo bem, não use. Mas esteja preparado para ter sua redação tangenciando o que a proposta pede, porque se ela pergunta algo diretamente a você, fica meio estranho responder de forma genérica, não é?
Lembra daquela redação exemplar da Fuvest que respondia como foi a formação do candidato?!
“Ah, mas eu vou fazer Enem, e no Enem não pode usar!”
Encontre essa informação no edital/manual do Enem e te dou um curso completo de redação. Tá valendo! Redação 1000 com primeira pessoa você já viu neste blog.
Eu sei que é difícil acreditar quando já se aprendeu errado por tanto tempo, muitos colegas meus repassam essa informação sem fundamento (não me pergunte por que), mas a minha função é ajudar os alunos, não atrapalhá-los, não deixá-los ansiosos. Vou insistir.
Observação importante: uma banca pode decidir por proibir o uso de primeira pessoa, e isso virá explícito no edital; leia o edital; se não houver essa restrição, naturalmente você pode usar, se desejar.
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E essa história de adivinhar temas que podem cair, ein?
É melhor um curso que tem redação na aula ou pra fazer em casa?