Você escreve muito senso comum?

correção de redação

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Os professores insistem com os alunos para que não usem senso comum. Você deve saber, senso comum é aquela ideia, aquela forma de pensar, que é a mais comum, mas que pode já estar ultrapassada, ou pode até ser equivocada. Ou seja, o senso comum é um risco porque podemos estar repetindo o que todos dizem, sem pensar.

Só que o aluno não consegue captar quando está mostrando um senso comum na redação. Não é assim com você? Aposto que é…

É natural que quando somos mais jovens, lá pelo ensino fundamental, usemos senso comum: coisas que ouvimos dos mais velhos, gente que para nós está sempre certa. Depois vamos percebendo que os mais velhos não estão sempre certos, e começamos a pensar mais com nossa cabeça, e nos basearmos mais no que vemos do que no que falam para nós. Não significa que depois de superarmos o senso comum estaremos sempre certos, e nem que conseguimos superar totalmente o senso comum!

À medida que crescemos naturalmente também vamos percebendo essas falhas e somos mais autônomos na nossa forma de pensar. Mas creio que sempre poderemos usar senso comum sem notarmos.

Como eu disse, naturalmente você vai se desprender do senso comum, e para isso a escola ajuda muito, e a leitura ajuda outro montão!

 

Você não concorda que as mulheres de “antigamente” eram mais submissas aos homens? Talvez você até tenha a impressão de que todas eram. Acho que você até escreveria isso em sua redação sem problemas. E é bem provável que o corretor aceitasse, porque ele também pode estar preso a esse senso comum.

Entretanto eu encontrei num livro que acabei de ler evidências de que isso não era bem assim quando consideramos o Brasil colonial! A autora – uma estadunidense doutora em História – levantou documentos em cartórios e igrejas em São Paulo e  Rio de Janeiro e comprovou que as mulheres daquela época no Brasil estavam muito a frente das inglesas em termos de emancipação e poder! Quem diria: era um senso comum!

Eu também tinha esse senso comum. Veja neste primeiro parágrafo o que ela diz:

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O livro se chama Caetana diz não. Nele conheci a história de uma escrava paulista que simplesmente se recusou a se casar com quem seu senhor tinha ordenado. E ganhou o processo na Justiça! Também conta sobre uma fazendeira analfabeta, solteira que tocou uma fazenda de café e escravos sozinha. E no livro há também a história da irmã dessa fazendeira: uma mãe solteira que criou sozinha o filho – e isso no século XIX!

Nem imaginávamos ein… Então… assim é que os sensos comuns caem por terra…

(Caetana diz não, Sandra L. Graham, Companhia das Letras)

A Luana já é uma cardiologista, mas em 2005 recebeu uma ajudinha do meu curso de redação presencial pra entrar na Unicamp:

“Depois de tantos anos de cursinho sem sucesso finalmente fiz a coisa certa: o seu curso de redação! Eu acho que todos os alunos deveriam dar mais atenção à redação do vestibular, mas eles fazem o contrário, deixam pra última hora! O treino intensivo que seu curso oferece não tem igual!” 

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Quando um corretor não vive no mesmo mundo que você…

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Uma aluna virtual, candidata a Medicina, não aceitou uns comentários que recebeu numa redação corrigida no cursinho. Não vou colar aqui a redação dela, porque obviamente a instituição seria facilmente reconhecida.

A aluna dizia que a indústria da moda arrasta as mulheres. 

Você questionaria essa afirmação?

Acho difícil alguém questionar, ainda mais considerando que se trata de uma aluna de ensino médio. Ela ouve isso por aí, e vê isso por aí.

O corretor, entretanto, anotou do lado da frase “será?”.

Considerando que a aluna é uma aluna que saiu agora do ensino médio, e não uma estudiosa de comportamento humano, acho que a correção “pegou pesado”. Nós não discutimos o fato de que a indústria da moda realmente arrasta as mulheres, vemos isso ao nosso redor; vemos mulheres olhando cheias de desejo para as vitrines das lojas, conhecemos infinitos blogs sobre moda, ou sobre como aproveitar as liquidações… alguém que duvida disso não está vivendo na nossa sociedade.

Também não ficaríamos chocados ao descobrir que aceitamos sem discutir muita coisa que a mídia nos transmite, incluindo as redes sociais. Quantos posts parecem tão verdadeiros quando nos revelam o mal que um tipo de óleo faz, ou fatos do passado de um político que achávamos ser correto. Podemos até desconfiar de algum deles, mas não conseguiríamos nos defender de todos.

Até podemos concordar que a aluna generalizou, claro, mas ela não mentiu.

Então digo aos alunos: não haveria como vocês pararem para explicar tudo tudo que dizem na redação, vocês usarão de informações bem conhecidas por todos –  pelo corretor certamente – e tem noção de quão conhecidas são. Às vezes o corretor dos cursinhos faz essas perguntas meio sem nexo, nem sei por quê…

Nós usamos um número infinito de conhecimento anterior, os quais não precisamos comprovar, por óbvio, nem explicar. Sobre isso, vejam o que diz o psiquiatra ingles Theodore Dalrymple, no livro Em defesa do preconceito:

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Atualidades na redação…

Será que você comete este erro?