Uns 15% dos meus alunos são gente que não vai prestar vestibular nem concurso, e a maioria desses é gente que saiu da escola há muito muito tempo.
Às vezes parece que curso de redação é coisa de vestibulando, e de concurseiro, né? Já tive, para você ter ideia, um aluno policial federal aposentado! Um senhor que gostava muito de escrever cartas para jornais, mas tinha medo de estar escrevendo “errado”, por isso me chamou.
Tive também uma aluna que queria somente falar de seus sentimentos, mas queria deixá-los para sempre no papel. Ela esperou os filhos crescerem para voltar a treinar a escrita. Acabou fazendo um blog sobre comportamento!
A maioria desses alunos parecia querer recuperar algo que ficou lá atrás, que não foi desenvolvido. Eles não se sentiam totalmente seguros, se tornaram um pouco tímidos por isso.
Ter certeza de que escreveu o que queria é muito bom, e escrever do jeito que se pensa e se deseja é um poder! Assim como fazer um tempo de psicoterapia dá a você mais poder sobre as situações, assim como fazer exercícios físicos dá a você mais poder de controlar seu corpo e de ter movimentos seguros… como aprender a ler deu a você um poder incalculável (que talvez você nem tenha notado ainda) de fazer parte do mundo e de ter um pensamento evoluído…
Hoje já somos um país que escreve melhor (só podemos melhorar), basta comparar a escrita dos jovens de hoje com a de décadas atrás.
Mas quem não teve esse treino na escola por algum motivo, carrega consigo essa frustração – se sente “menos”. Um aluno desses tem uma alegria encantadora a cada aula, a evolução é mais envolvente que nos alunos vestibulandos ou concurseiros, que já estão de certa forma acostumados a escrever.
E é tão bom escrever sem obrigação nenhuma, nem de prova, nem de ser um artista…!
Pelo menos experimente… vai que…!