Aluna escreve uma longa introdução na redação e esquece o principal!
95% dos alunos capricham na introdução da redação, mas perdem o foco!
Sem falar no tempo perdido…
E foi um pouco o que aconteceu com a introdução de uma redação da Isabella, do meu curso virtual. Ignore as marquinhas numeradas, e preste atenção na introdução – ela deixa clara qual a intenção da Isabella com o texto?
Falou, falou e…
Você acabou sem saber qual a intenção da Isabella com o texto. Eu também.
Veja o que a Isabella contou para você:
a sociedade é patriarcal
por ser patriarcal podemos analisar as profissões com mais homens e as com mais mulheres
homens e mulheres têm instintos animais diferentes
além disso, homens e mulheres sao segregados pela sociedade
o resultado é a formação de seres humanos com personalidades diferentes
E eu te pergunto agora: qual a opinião da Isabella sobre o assunto? O que será que vem no meio do texto?
Sim, porque a introdução não é enfeite! Não! Se a introdução da redação argumentativa não tem tese, pode pôr lá o nome daquele filme, a letra daquela música… o que você quiser – não vai dar certo.
Introdução de dissertação argumentativa de prova precisa ter uma tese.
A introdução serve para avisar qual sua intenção ao escrever aquele texto. E qual a intenção da Isabella? Difícil saber…
pode ser que ela queira analisar as profissões com mais homens e as com mais mulheres..
mas pode ser que ela queira falar da segregação social de homens e mulheres..
ou ainda pode ser que ela vá explicar como é esse negócio de as pessoas terem personalidades difernetes porque são segregada, ou porque têm instintos diferentes…
Tanta coisa né?
aluno com problemas na introdução – freepik
Vá logo ao que interessa!
Pela minha experiência eu posso apostar que a Isabella não tinha muita certeza do que queria me contar com a redação dela, e tentou escrever bastante coisa na introdução pra ver se saía uma redação.
Nunca se começa um rascunho desse jeito! A primeira coisa que você deve fazer ao começar o rascunho é dizer ao leitor qual sua intenção.
A primeira coisa é nunca escrever a introdução inteira e prontinha logo de cara, logo no começo do rascunho. Isso é péssimo! Se você faz isso já deve ter notado como consome tempo seu que não vai garantir nota.
No rascunho escreva apenas sua tese. Sua intenção com seu texto. Só. Isso é uma sacada que vai ajudar demais! A isabella poderia escrever apenas algo como
“Há profissões com mais homens e outras com mais mulheres porque existe uma verdadeira segregação social”
Pronto. Tá aí a intenção dela com o texto que vem depois!
Não invente moda de lembrar de fime, frase… nada disso! Agora não é hora. Você faz isso depois tranquilamente!
Escreveu sua tese? Então corra para a argumentação, aproveite enquanto suas ideias estão aí. Saia dessa vida de perder tempo enrolando na introdução, e foque no que interessa – deixe pra melhorar o parágrafo dela depois! DEPOIS!
100% dos alunos que tentam fazer o rascunho começando apenas com a tese, nunca mais reclamam de bloqueio para começar a redação! Ela sai fácil e não existe o risco de prejudicar a argumentação toda porque não tinha tese!
Sem falar que a introdução fica perfeita, sem aquela cara de redação de cursinho, sabe? Dá vontade mesmo de ler o texto. É outro nível!
Eu sei que eu já falei disso antes, mas professor repete mesmo, não tem jeito: faça uma tese na introdução, depois você pensa nos detalhes. Introdução não tem que ser longa, introdução não tem desenvolvimento nela mesma. Captou?
Acho que você vai se interessar por estes artigos:
Um dos exemplos mais usados pelos alunos é Hitler. Outro exemplo pra lá de comum é o mito da caverna de Platão.
Platão – freepi
Parece que tem exemplos que servem pra qualquer redação, né?
Exemplos nada a ver
Hoje eu trouxe um trecho para analisarmos, com um desses exemplos que são pau pra toda obra. Foi retirado de uma redação de uma aluna de ensino médio, do curso virtual:
Todos possuem no interior um instinto de mudança. Por exemplo, qualquer um com uma rotina bem definida, sempre fazendo a mesma coisa, em algum momento deseja algo diferente. Essa visão pode se expandir também para o campo político e legislativo. Como aconteceu no passado em que escravos “cansados” da escravidão lutram pela abolição, entretanto Hitler “enjoado” da igualdade, começou o arianismo e sepultou inúmeros judeus.”
Foi um exemplo estranho, não foi?
Foi sim…
Quando começou o parágrafo (ela fez um tópico frasal), a sensação era que ela falaria sobre essa vontade de mudar, que todos temos em alguns momentos.
E a gente se sente um pouco assustado quando vê que ela está comparando a nossa vontade de mudar, com a vontade de mudar de Hitler tinha em mente!
Mais que só vontade de mudar
Eu não chamaria a decisão tomada por Hitler de “vontade de mudar”; acho que não foi exatamente isso… ele não estava “enjoado” da igualdade.
Mas eu não sou historiadora, então só digo isso sobre essa parte do exemplo. Foi estranho. Não tenho o mesmo tipo de vontade de mudar de Hitler…
A “vontade de mudar” dos escravos também não é algo que se assemelhe à sua ou à minha vontade de mudar, não é mesmo? São histórias diferentes.
Mesmo tendo vontade de mudar, os escravos estavam sob opressão – não era só ter vontade e pronto!
impossível mudar – freepik
Enfim, foi uma exemplificação infeliz, incoerente com o que ela tinha dito no tópico frasal.
Considerando que essa aluna ainda está no ensino médio, posso dizer que sei o que houve.
Nessa fase escolar os alunos costumam pôr nas redações o que aprendem em outras disciplinas, notadamente em história. Acho que fica mais na memória deles.
E aí é aquele negócio: eles ficam com vontade de usar na redação, e tal… e usam!
Eles imaginam que o professor de redação vai dizer “uau, esse aluno sabe muito!”
Todavia, tem aluno que já saiu do ensino médio e continua com essa mania de “forçar” o uso de um fato histórico numa redação. Os alunos brincam comigo:
“Ah, prof, é só falar do capitalismo e pronto!”
“Ah, prof, eu sempre uso esse exemplo do mito da caverna de Platão e pronto!”
Eu acho graça também!
Mas existe o risco que você viu no trecho de hoje, tá? Use exemplos do dia a dia que você vai ver como a redação sai mais rápido e fica super mais coerente!
Que exemplo você tem guardado na sua manga? Se eu puder saber… clique ali no balãozinho de comentários, por favor!
Semana passada, meu aluno, Alexandre, um vestibulando de Medicina do curso online, adorou o jeito de uma ex-aluna minha fazer citação na redação!
Você já deve saber que meus alunos leem redações uns dos outros, dos colegas, e analisam para evoluírem mais rápido.
Pos bem, ele leu a redação da Sayuri, no vestibular da Unesp de 2020, quando ela foi aprovada em Biologia, e gostou demais da forma como ela naturalmente citou algo da proposta. Veja o trecho que ele achou muito bom:
A Sayuri citou um estudo que estava na proposta (não acredite em quem te disser que não pode fazer isso e blablablá!) e em seguida comentou o estudo dando conclusões dela sobre ele!
O Alexandre achou muiito natural o jeito de ela citar, sem parecer aquela coisa de citar só pra preencher espaço, sabe?
Sem falar que o Alexandre ainda tinha medo depois de ouvir de um professor a mentira de que não pode usarnada da proposta!
Fazendo isso, a aluna preencheu 6 linhas de um parágrafo sem quebrar a cabeça!
Me diz: não é fácil escrever redação?! Bem mais do que as escolas e cursinhos ensinam…
blog do curso Escrevacerto 